sexta-feira, 23 de setembro de 2016

Euphoria

O relógio sem hora aponta o homem da manhã
escapo do tempo por vir - descomedida
da semente inventada para o vácuo:
há de nos minguar a memória ideal,
o principio adulterado de todas as quimeras finitas.

[Jamais seremos o sonho construído no lado mais frio
nem o nome longínquo adormecido na cama alheia]

Finjo a tua onírica balada
de olhos fechados contra a parede
temendo dormir um segundo mais
da minha inequívoca insónia milenar;

[Jamais nos pareceremos tanto com o final do Verão
nem tão pouco com a urgência quente de outra ilusão]

e o meu sorriso é uma cicatriz mentindo
as confidências dessas graves madrugadas
onde nunca seremos tão estranhos como amanhã
ou tanto da lembrança infante resgatada numa canção.

1 comentário:

  1. Há aqui muito mundo poético em ti. Maravilhosa escrita. Esta Euphoria fez-me lembrar a Euforia do Al Berto, mas também o Cesariny. Mas tudo isto é único e singular, é teu! Parabéns!

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